Filha de um publicitário especializado em marketing político, a jornalista Agnes fez a sua primeira entrevista, aos 13 anos, com Mário Covas
Luana Nogueira
Da reportagem local
A professora de Comunicação, Agnes de Sousa Arruda Rocco, de 30 anos, cresceu em um ambiente envolvido pelo tema. O pai, André, é publicitário e era em seu estúdio de serigrafia que a jornalista gostava de passar o tempo livre. O trabalho com marketing político, realizado pelo patriarca da família Arruda, foi o responsável por fazê-la se interessar e ser "picada" pela mosca da comunicação.
Da infância como repórter do jornal da escola até a coordenação do curso de Comunicação da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) foi um longo trajeto.
Agnes é responsável pelos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Design Gráfico. Ela comemora o entusiasmo e a grande procura dos alunos.
A professora afirma que a reformulação feita nos cursos, que visa a formação e o olhar crítico dos estudantes, é que faz com que a UMC perpetue a tradição na área de Comunicação.
Mogi News: Qual foi sua trajetória até chegar a Mogi?
Agnes de Sousa Arruda Rocco: Sou de Minas Gerais. Nasci em uma pequena cidade chamada Carmo de Minas. Fiquei no local até completar 3 anos. Em seguida, fui para Lorena, onde permaneci até os 10 anos. Depois, me mudei para Caraguatatuba. Só voltava para Minas no período de férias. Minha infância se desenvolveu em Lorena e depois em Caraguá. A decisão de mudar foi dos meus pais André e Olímpia. Eles estavam em busca de oportunidade. Minha mãe é psicopedagoga e meu pai publicitário. Lorena foi a base de formação deles e Caraguá foi escolhida pela oportunidade, mas também pela qualidade de vida. Voltei para Lorena aos 16 anos para fazer faculdade, voltei para o litoral e acabei aqui em Mogi.
MN: Como a comunicação entrou em sua vida?
Agnes: Meu pai tinha um estúdio de serigrafia. Sempre estava metida nas coisas dele e aquilo me interessava muito. A maneira que ele trabalhava e lidava com os clientes, me chamava a atenção. A área do meu pai é o marketing político. Em razão disso, por muito tempo fiz assessoria de imprensa para a prefeitura, candidatos e deputado. Acabei fazendo muito isso na agência de publicidade e propaganda que trabalhei. Esse contato interferiu muito mas, por outro lado, tenho uma visão analítica e, ao invés de ir para o Marketing e a Publicidade e Propaganda, optei pelo Jornalismo, por causa da escrita e pela visão de mundo mais coerente com o que penso.
MN: Em que momento decidiu cursar Jornalismo?
Agnes: A decisão foi no período do vestibular. Na época, prestei para Cinema e só não cursei, porque não consegui passar na Fuvest. Para todas as outras universidades, prestei Jornalismo. Com 13 anos, comecei a trabalhar no jornal da escola, principalmente com conteúdo de Cultura e Entretenimento. Já fazia entrevistas e reportagens, mas extremamente amadoras, sem a menor estrutura jornalística. Tinha acesso aos eventos que ocorriam, por causa do trabalho dos meus pais. Meu pai era secretário de Comunicação e minha mãe, secretária de Educação. Meu pai foi ainda diretor do Teatro Municipal, por isso tinha todo esse acesso.
MN: Como foi esse período?
Agnes: As pessoas achavam bonitinho ver uma criança ali no meio dos repórteres, fazendo entrevista. Comecei com Cultura e Entretenimento e, para fazer política, foi um passo. A minha primeira entrevista mesmo foi com o Mário Covas, quando estava com 13 para 14 anos. Isso ocorreu cerca de 2 ou 3 meses antes dele morrer. Meu pai estava trabalhando com um candidato que o governador gostava muito. Nessa época, ele não estava dando entrevista para ninguém, pois a saúde dele estava debilitada. Íamos pegar um depoimento para a campanha e, quando entramos para vê-lo, meu pai com um 1,50 metro, meu irmão (Athos) com 10 anos e um cinegrafista com 18 anos, o Covas brincou com a situação e se desarmou. Foi uma descontração. Depois da sua morte, o Geraldo Alckmin assumiu. Como o governo tinha feito um grande investimento para Caraguá, ele acabava indo a muitas inaugurações. Na época, eu virei a repórter oficial da Prefeitura, pois a assessoria era muito enxuta. Hoje ela é uma das melhores do Brasil. O Alckmin me conhecia pelo nome e, por ser criança, eu conseguia as respostas que os outros não tinham.
MN: Por que escolheu fazer faculdade em Lorena?
Agnes: Não era a minha primeira opção, mas tinha família na cidade e no litoral não tinha faculdade de Comunicação. Hoje tem. Fiquei sabendo que tinha aberto o curso de Comunicação em uma faculdade de Lorena. Nenhuma turma tinha se formado ainda. Fiz parte da terceira turma e foi uma experiência muito legal, pois pude participar da construção do curso. Com uma bagagem desde os 13 anos, fui muito usada, no bom sentido. Tive uma participação intensa, fui estagiária da agência experimental de comunicação. Não poderia pensar em uma formação melhor.
MN: Qual foi seu primeiro emprego depois da faculdade?
Agnes: Foi no local em que estagiava, o jornal Atos. Depois de formada, continuei trabalhando como jornalista. Acho que todo mundo tem que passar por essa experiência, porque é no ´hard news´ (notícias gerais do dia a dia) que você sabe o que é entregar três, cinco ou sete matérias por dia. O jornal não tinha viatura, por isso íamos nas pautas de ônibus. Foi um trabalho muito legal. Saí de lá para fazer campanha política.