Médico alerta que, em2015, 50% dos pacientes portadores da aids deverão ser pessoas com mais de 50 anos
Larissa Almeida
Da reportagem local
Quando se fala no vírus HIV logo se pensa em jovens que deixam de se prevenir nas relações sexuais, mas, atualmente, a realidade é diferente. Mesmo que indivíduos a partir dos 20 anos ainda sejam a primeira faixa etária com mais casos da doença, a situação agora atinge também a terceira idade, que representa o segundo grupo com mais casos. De acordo com o médico infectologista e professor de medicina da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) Jean Gorinchteyn, no ano de 2015, cerca de 50% dos pacientes soros positivos devem ser pessoas com mais de 50 anos.
O médico explica que até o ano de 2002, existiam 17 pacientes de HIV para 100 mil habitantes, mas essa realidade começou a mudar logo em seguida, quando foi registrado um aumento significativo de 40% de portadores da doença. Segundo o infectologista, é importante que as pessoas comecem a se conscientizar, principalmente os mais velhos, que contribuíram para o crescimento no número de casos.
Gorinchteyn conta que a terceira idade passou a integrar esse quadro alarmante da realidade da aids no Brasil por diversos fatores. Um deles é o fato de que não são feitas muitas campanhas para este público e quando é passado algum informativo ele não é muito eficaz, já que, para o médico, as pessoas com mais de 50 anos acabam não se identificando, por exemplo, com as propagandas veiculadas.
Questionado sobre as campanhas elaboradas, inclusive do ano passado, pelo Ministério da Saúde, o infectologista enfatiza que elas não retratam a realidade do idoso: "Umas das propostas é de que coloquem pessoas que, de certa forma, tenham representatividade e que, acima de tudo, enfrentam os mesmos problemas, porque não adianta colocar uma mensagem que eles não se identificam".
Outra situação em que a terceira idade é considerada o segundo grupo de risco é o fato deles não terem o hábito de utilizar preservativos. O médico diz que na época em que os idosos eram jovens a camisinha era usada apenas para prevenir gravidez, não existia a preocupação com o HIV. Por causa disso, esta parcela da população acabou se tornando vulnerável à doença.
Com a terceira idade mais ativa sexualmente, devido aos medicamentos existentes no mercado, o quadro veio a se co mplicar. Não pelos remédios, mas pelas situações que eles geram. "Eles não têm o costume de fazer uso do preservativo e com a possibilidade de serem ativos acabam se contaminando", afirma.
Esses fatores, para o médico, são extremamente preocupantes, já que eles serão grandes responsáveis pela estimativa de que a terceira idade virá a ocupar um lugar desfavorável dentro dos grupos mais propensos a serem portadores do HIV. Por isso, Gorinchteyn ressalta a necessidade do assunto ser abordado de maneira séria e abrangente.