Geraldo Bessa
TV Press
A figura humilde e avessa a grandes vaidades de Fernanda Montenegro contrasta com os superlativos de sua trajetória. Grande dama do teatro nacional, ela também se firmou como uma "grife" na televisão e no cinema. E segue, aos 85 anos, tendo profunda relevância no meio audiovisual. No entanto, desde a estreia de "Babilônia", Fernanda se surpreendeu com as reações controversas do público ao seu trabalho atual.
Na novela das 21 horas, a atriz encarna Teresa, a devotava e pragmática esposa de Estela, de Nathalia Timberg. "Casais gays já são comuns em novelas. Acho que o que atrapalhou um pouco a cabeça dos mais conservadores foi o fato de Estela e Teresa serem também idosas. Foi um furacão, mas passou e a história segue muito estimulante", ressalta.
Para a atriz, a novela levanta a bandeira da igualdade e do quão natural esse casal é. "Mas não quer fazer isso de forma didática ou para ditar algum ensinamento e regra. Queremos apenas retratar o cotidiano. A televisão se posicionou. Isso é importante e representa evolução. Outras bandeiras também precisam de visibilidade", afirma
Fernanda enxerga em "Babilônia" um trabalho de reencontros. Além de Nathalia, sua amiga desde os anos 1960, a atriz também comemora o fato de voltar a trabalhar com Gilberto Braga, de quem fez "Brilhante" e "O Dono do Mundo". "A gente se conhece há 50 anos, muito antes de ambos estrearmos na televisão. Gilberto era crítico de teatro e viu Nathalia e eu muitas vezes no palco. É uma alegria voltar a trabalhar sob o texto dele", elogia. ("Babilônia", Globo. De segunda-feira a sábado, às 21 horas).